A inclusão digital já faz parte das discussões sobre desenvolvimento no Brasil e precisa estar no centro da agenda pública. Quando cidadãos não têm acesso à tecnologia e internet, a distância entre governo e população aumenta e os serviços deixam de alcançar quem mais precisa.
No dia a dia das cidades, essa realidade se reflete em filas, atrasos e dificuldades em processos que poderiam ser simples. Em muitas regiões, a conexão ainda é limitada e isso cria barreiras para a participação social e para a transparência da gestão.
O futuro da administração passa por enfrentar esse desafio. Continue lendo e descubra como preparar a gestão pública para avançar nesse caminho com planejamento e resultados concretos.
Panorama da inclusão digital no Brasil
O Brasil deu passos largos nos últimos anos quando falamos em internet dentro de casa. Em 2024, quase 75 milhões de lares já estavam conectados, o que representa 93,6% das residências do país, segundo dados publicados pela Agência IBGE notícias em julho de 2025.
Esse número mostra um avanço, mas ainda existem diferenças marcantes entre a cidade e o campo. O mesmo dado citado anteriormente mostra que, enquanto 94,7% das casas urbanas têm internet, nas áreas rurais o índice é de 84,8%.
O celular se tornou o grande aliado da população nesse acesso. Conforme o mesmo levantamento mencionado anteriormente, entre pessoas com 10 anos ou mais, quase nove em cada dez usaram a internet nos últimos meses, e a imensa maioria fez isso pelo telefone móvel.
Essa realidade revela a importância de pensar em políticas e serviços que funcionem bem nesse tipo de dispositivo. Mesmo assim, 5,1 milhões de domicílios continuam fora da rede. Em muitos casos, o custo do serviço é alto, em outros a dificuldade de uso é o principal obstáculo.
Há também quem ainda não veja necessidade de estar conectado. Esses dados reforçam que a inclusão digital vai além da infraestrutura: envolve preparar as pessoas para que elas se sintam parte desse processo.
Impactos da exclusão digital na gestão pública
Quando parte da população não consegue acessar a internet, os serviços oferecidos pelo governo perdem alcance.
A emissão de documentos, o agendamento de consultas ou o acompanhamento de benefícios se tornam processos mais lentos e custosos, pois dependem de atendimento presencial.
A falta de inclusão digital cria filas, aumenta a burocracia e limita a modernização da administração. Outro ponto importante é a participação social. Muitas consultas públicas, transmissões de sessões legislativas e canais de transparência estão disponíveis apenas online.
Sem acesso de qualidade, o cidadão fica afastado das decisões que afetam sua vida. Essa exclusão fragiliza a confiança entre população e governo, além de reduzir a legitimidade das políticas implantadas.
Também existe o impacto na imagem da gestão. Prefeitos e secretários que não avançam nesse campo passam a ser cobrados por órgãos de controle e pela própria comunidade.
Já quem investe em inclusão digital cria condições para ampliar a transparência e fortalecer o vínculo com a sociedade.
Exemplos de iniciativas públicas na inclusão digital
Várias ações e projetos inovadores já foram colocados em prática em diferentes níveis de governo.
Conhecer esses projetos ajuda o gestor público a enxergar caminhos possíveis e adaptar ideias à sua realidade. Continue lendo e veja alguns exemplos que já trouxeram resultados!
Programa Internet Brasil
O Programa Internet Brasil é coordenado pelo Governo Federal e oferece chips de internet móvel para estudantes de baixa renda inscritos no CadÚnico.
Cada aluno recebe um pacote de dados mensal de 20 GB, que pode ser usado para atividades escolares e para apoiar a vida familiar. A iniciativa amplia o acesso de crianças e jovens que muitas vezes não teriam como estudar online.
Acessa São Paulo
O Acessa São Paulo é um programa estadual que mantém unidades de acesso público espalhadas por diferentes municípios. Cada espaço oferece computadores, conexão gratuita e atividades educativas para a população.
Existe também o Acessinha, voltado para crianças entre 4 e 10 anos, que podem aprender e brincar em ambientes digitais seguros.
Telecentro Livre SP
Na cidade de São Paulo, os Telecentros oferecem computadores conectados à internet de forma gratuita em espaços públicos. Nesses locais, os moradores podem realizar cursos, aprender sobre tecnologia e acessar serviços digitais.
O projeto cria pontos de apoio para quem ainda não tem equipamentos em casa, ajudando a reduzir a distância entre a população e o mundo digital
Programa Wi-Fi Brasil
O Wi-Fi Brasil instala antenas e pontos de acesso gratuito em escolas, postos de saúde e praças públicas, especialmente em áreas rurais e remotas.
A ideia é ampliar a conectividade em locais onde os serviços comerciais ainda não chegam com qualidade. Esse tipo de iniciativa permite que comunidades inteiras passem a usar serviços digitais antes inacessíveis.
Brasil Conectado
Outro exemplo é o Brasil Conectado, que amplia a conectividade em escolas públicas. Em 2025, o programa levou internet a 60% das instituições de ensino do país, segundo a Fundação Perseu Abramo. Essa ampliação mostra como políticas nacionais podem ter impacto direto no ambiente escolar.
Vila Velha Ágil
O programa Vila Velha Ágil é um projeto da prefeitura de Vila Velha, no Espírito Santo, que se tornou referência nacional em modernização de processos. A iniciativa tem como foco simplificar o contato entre cidadãos, empreendedores e órgãos públicos, reduzindo etapas burocráticas e dando mais agilidade ao dia a dia do município.
Com a participação da NoPaper, a prefeitura passou a contar com uma plataforma integrada que conecta diferentes secretarias. Antes, cada setor exigia formulários separados e procedimentos manuais que atrasavam solicitações.
Com a implementação do sistema, conseguimos digitalizar todo o fluxo de informações na prefeitura. Assim, graças ao compartilhamento de informações em tempo real, reduzimos prazos e evitamos retrabalhos que existiam nos departamentos.
Um exemplo real que o programa conquistou foi a redução de até 50% no tempo para abertura de empresas na cidade, conforme noticiado pela Folha Vitória em junho de 2025.
Isso significa que empreendedores conseguem formalizar seus negócios com muito mais rapidez, estimulando a economia local e gerando novas oportunidades. Além disso, conforme citação do prefeito na mesma matéria do Folha Vitória, o programa continuará expandindo, com uma promessa ousada para o futuro. Segundo ele:
- “O Vila Velha Ágil já está em funcionamento e será continuamente aprimorado. A meta agora é fazer da cidade um modelo nacional de eficiência”
O projeto também trouxe destaque nacional ao ser apresentado em eventos sobre cidades inteligentes, o Connected Smart Cities 2025. O reconhecimento mostra que não se trata apenas de digitalizar processos, mas de transformar o modo que o poder público se relaciona com a sociedade.
O Vila Velha Ágil demonstra que a inclusão digital e a reorganização administrativa podem caminhar juntas para entregar benefícios concretos.
Guia de primeiros passos para iniciar a transformação digital
Começar uma jornada de transformação digital pode parecer desafiador, mas existem etapas práticas que ajudam a estruturar esse caminho. Continue lendo e veja como organizar as primeiras ações.
Diagnóstico inicial
O primeiro passo é entender a realidade atual da cidade. Isso envolve mapear quantos serviços já estão digitalizados, identificar os setores que ainda dependem de papel e ouvir a população sobre suas principais dificuldades de acesso. Esse levantamento cria uma base sólida para definir onde investir.
Planejamento e metas
Com o diagnóstico em mãos, é hora de elaborar um plano. Defina prioridades de curto, médio e longo prazo, como digitalizar processos específicos ou ampliar pontos de internet pública. Estabeleça metas claras que possam ser acompanhadas por secretários, servidores e cidadãos.
Infraestrutura e conectividade
A transformação digital no setor público só avança quando existe uma rede disponível para sustentar os serviços.
Por isso, é fundamental investir em conexões estáveis em escolas, postos de saúde e prédios administrativos. Outra medida importante é criar pontos de acesso gratuito em praças, bibliotecas e centros comunitários.
Capacitação de servidores e cidadãos
De nada adianta ter tecnologia sem preparar as pessoas para usá-la. Servidores precisam aprender a operar sistemas digitais e a orientar a população.
Concomitantemente, a comunidade deve ter acesso a cursos e oficinas que facilitem o uso de ferramentas digitais em tarefas do dia a dia.
Ferramentas e parcerias
Existem plataformas já testadas que ajudam na automatização de processos e na comunicação entre secretarias.
Buscar parcerias com empresas de tecnologia, universidades e organizações sociais pode ampliar o alcance das iniciativas e reduzir custos de implementação.
Monitoramento e ajustes
A transformação digital não termina com a implantação dos sistemas. É importante acompanhar os resultados, avaliar se a população está conseguindo usar os serviços e ajustar pontos que não estejam funcionando. Esse acompanhamento constante fortalece a confiança e amplia os benefícios para todos.
Por fim, a inclusão digital é um passo indispensável para que gestores públicos fortaleçam serviços, ampliem a transparência e aproximem cidadãos das decisões. Quando o acesso à tecnologia se torna realidade, a administração ganha novas possibilidades de atender melhor e preparar o futuro das cidades.
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